terça-feira, 6 de outubro de 2020

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Ibicaba, a Terra Prometida

Em Cordeirópolis, pequena cidade que fica pertinho do cruzamento entre as Rodovias Washington Luiz e Bandeirantes, uma história que marcou profundamente a formação econômica, social e cultural do Estado de São Paulo está sendo contada no palco do belo teatro do munícipio. Ibicaba, a Terra Prometida dá nome à peça que tem como tema a vinda dos imigrantes europeus ao Brasil no século XIX, retratando as condições a que foram sujeitados um grupo de suíços que vieram trabalhar nas lavouras de café na esperança de construir uma vida nova. Em 1855 esses imigrantes, liderados pelo professor Thomaz Davatz, chegaram à fazenda Ibicaba pelo sistema de parceria que o poderoso Senador Vergueiro, dono da propriedade, havia estabelecido com o governo suíço. No acordo que foi feito estava certo que o grupo de imigrantes teriam direito, entre outras coisas, a uma casa digna para morar e um pedaço de terra para prosperar se, em contrapartida, dividissem com o fazendeiro os frutos da sua colheita. Porém, esse contrato estava longe de ser cumprido pelos Vergueiro.

Em Ibicaba, os suíços foram tratados como escravos, viviam em condições precárias em suas “casas” e tinham que trabalhar noite e dia para pagar as dívidas absurdas que acabavam fazendo a fim de sobreviverem. Com o sonho destruído, mas ainda com muita garra para lutar, Davatz e seus companheiros se organizaram e conseguiram criar um levante e abrir uma sindicância contra os Vergueiro.

O espetáculo não acaba aí, muita coisa ainda é iluminada pelas histórias particulares de alguns personagens e pelas canções que constróem uma ponte entre o passado e o presente da nação brasileira, a qual mesmo depois de tantas mudanças é marcada pela injustiça social.

cena de Ibicaba, a Terra Prometida, obtida na galeria de fotos do Estadão

A peça Ibicaba é uma montagem do próprio grupo de teatro de Cordeirópolis sob a direção de Roberto Vignati, um experiente profissional da arte que já dirigiu grandes sucessos da televisão, como o Sítio do Pica-pau Amarelo e o Mundo da Lua, e do teatro, como Brincando em cima daquilo e Uma Rosa para Hitler. A história de como o grupo teatral Pingo D’Água foi criado e sua relação com o famoso diretor é tão cativante e estimulante que o Estadão publicou uma matéria sobre ela.

Além de assistir a um bem produzido espetáculo sobre um momento histórico de grande importância para muitas cidades paulistas, quem for até Cordeirópolis também entrará em contato com outro aspecto desse período que deixou marcas visíveis em todo o Estado de São Paulo, pois o Teatro Municipal criado especialmente para a peça, já que antes a cidade não tinha nenhum, ocupa o bonito prédio da antiga subestação de energia da Fepasa. Sendo assim, ir prestigiar Ibicaba, a Terra Prometida é fazer uma viagem no tempo e no espaço da história de São Paulo que não vale a pena perder.

terça-feira, 25 de março de 2008

Concurso Cartografia para Crianças

A Sociedade Brasileira de Cartografia está promovendo um concurso de mapas feitos por crianças de 9 a 15 anos. O objetivo desse projeto é aproximar a cartografia dos jovens através da participação ativa dos mesmos na criação de representações gráficas do mundo. O desenhos devem abordar o tema "Brasil, Um Lugar No Mundo" e serem enviados a SBC até 30 de junho. As 300 melhores representações criadas pelas crianças serão expostas no XXIV Congresso Brasileiro de Cartografia, ainda nesse ano. Mas não acaba por aí, durante o evento o público presente escolherá através de voto o melhor desenho e os autores dos 3 mais votados serão premiados no dia 28 de outubro, aniversário da SBC, e terão seus desenhos participando de outro concurso, agora internacional, promovido pela Internatinal Cartographic Association. Os critérios e regras que nortearão a primeira seleção estão descritos rigorosamente no edital, encontrado no site http://www.cartografia.org.br/.

de Mayumi Makino, obtido no site da tvcultura

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Trabalhando com História Temática...

A Revista História publicou algumas dicas bem interessante sobre como trabalhar em sala de aula com a História Temática. Vale muito a pena!

Para ler clique aqui!

Diversidade Cultural Brasileira

Textos apresentados durante o Seminário Diversidade Cultural Brasileira, 2004, promovido pelo Ministério da Cultura, por intermédio da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural (SID), Secretaria de Políticas Culturais (SPC) e da Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB).

Identidade e diversidade são termos de forte carga emocional e política, que aparentemente apontam para campos opostos: o que privilegiar, o idêntico ou o diverso? Num extremo estaria a idéia, cara à sociedade ocidental moderna, de que todos somos iguais (perante a lei, perante Deus). No outro, a liberdade, igualmente cara, de grupos compartilharem características e valores específicos que os diferenciam dos demais. Neste embate, o universalismo é acusado de totalitário e o particularismo de discriminatório e defensor das desigualdades.

O Ministério da Cultura – através da Secretaria da Identidade e Diversidade Cultural e da Fundação Casa de Rui Barbosa – promoveu, ao longo de 2004, uma série de encontros para discutir os significados, a história, os dilemas e as implicações político-jurídicas da identidade e da diversidade cultural, assim como sua relevância e aplicações ao contexto brasileiro. O propósito de tais discussões foi lançar alguma luz sobre conceitos amplamente usados e pouco entendidos e servir como subsídio à tomada de decisões sobre políticas públicas.

A moderna idéia de cultura está, desde o seu surgimento, intrinsecamente associada à idéia de diversidade. Produto do romantismo alemão, ela passou a reunir na mesma noção, desde o início do século XIX, a tradição humanista de cultivo das realizações superiores do espírito nas artes e ciências e a nova valorização, de raiz iluminista, da diversidade de costumes e crenças dos povos como via para o conhecimento do humano. O que tornava possível essa aproximação era o fato de ambas as componentes caracterizarem-se pela afirmação de valores e atribuição de sentido ao mundo. Integrados numa totalidade, costumes coletivos e obras individuais ganhavam um pressuposto de coerência e influência recíproca, enfatizado por sua descrição através da analogia com o organismo. Essa mesma analogia facilitava a apresentação dos povos como indivíduos coletivos, e a afirmação das identidades nacionais como um processo correspondente à maturação e aperfeiçoamento das capacidades singulares de cada indivíduo. Compartilhamento de valores e significados e singularização diante de outros conjuntos da mesma natureza são assim o verso e o reverso, as duas dimensões inseparáveis da idéia de cultura.

Cabe lembrar que a gênese dessa idéia ocorre num contexto de conflito, com o significado político de oposição ao império napoleônico, apoiado por sua vez no universalismo revolucionário da doutrina dos direitos do homem. O potencial agressivo da idéia de cultura nacional não tardou a se manifestar nas lutas posteriores à unificação alemã e nas duas guerras mundiais. Concomitantemente, os organismos internacionais comprometidos com esforços de paz, como a Liga das Nações e a ONU, através da Unesco, desde cedo se empenharam em promover o potencial de tolerância e diálogo presente naquela mesma idéia.

Por outro lado, identidades culturais singularizantes não tardaram a ser reivindicadas por outros tipos de grupos humanos, aquém ou além do recorte nacional, com as mesmas oscilações entre formas pacíficas e conflitivas de afirmação. Todas essas variações acabaram por dar origem a diferentes modelos de articulação da diversidade cultural no seio dos Estados nacionais, desde o que inspirou André Malraux na criação do Ministério da Cultura francês, em que as identidades distintas tenderiam a se integrar em níveis sucessivamente ampliados de perspectiva universalizante, ao modelo multiculturalista de tradição anglo-saxônica, onde importa antes de tudo um ideal de “representação federada” dos grupos culturalmente definidos em uma arena pública competitiva.


Hoje, depois de um longo período em que a célula-mater da identidade social foi a nação, forças centrífugas têm trazido para a arena política diversos outros atores. Identidades étnicas, de gênero, religiosas, sexuais, de idade, de condição social etc., entraram na competição pela primazia na definição do lugar do indivíduo no mundo. Ao lado e freqüentemente contra a ação política institucional, surgiram as ONG’s como expressão mais “pura” da sociedade civil. No Brasil, essa tendência fragmentadora vem sendo temperada pela tradição do Estado central forte, tradicionalmente visto como árbitro de conflitos entre cidadãos iguais, e que passa a ser visto também como arena onde os desiguais podem expressar a sua diversidade. O Ministério da Cultura é chamado a reconhecer e proteger as culturas contra forças que as ameaçam por um “neocolonialismo” interno ou externo. Tais identidades culturais se constróem no embate concreto dos grupos em sociedade e são cambiantes. Assim como o indivíduo é múltiplo e fragmentado em sua psique, ele partilha de múltiplas e instáveis identidades sociais, que se reafirmam e se redefinem. O grande desafio do Estado nacional e da sociedade internacional organizada hoje é exercer sua função agregadora, favorecendo o diálogo em lugar do conflito, estimulando a criatividade de forças centrífugas, sem permitir que o caos acabe por inviabilizar a criação.

A reivindicação dos direitos do cidadão pode ser percebida como um processo de demanda por direitos universais. Universal no sentido de que tais direitos e os movimentos sociais associados com o seu desenvolvimento tendem a reforçar um ideal capaz de englobar toda a sociedade. Os direitos civis, políticos e sociais foram configurados com base nessa idéia. Sua implementação possibilitou uma certa homogeneização social, o que está claro, por exemplo, no direito de uma educação igual e gratuita para todos. Entretanto, ao reforçarem um ideal oposto, o universal e o homogêneo, em vez do particular e do heterogêneo, os movimentos sociais mais recentes dizem não ser mais possível um sistema jurídico cego a diferenças – étnicas, de cor, de gênero, etc. A questão que se coloca para o debate é se a implementação do direito à diferença representa ou não o antagonismo entre uma cidadania universal-inclusiva e outra particular-plural.

Nesse sentido, é significativo que a Unesco tenha aprovado em 2001 a sua Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural. O documento chama a atenção para algumas questões interessantes, das quais se destaca, numa reflexão sobre o tema no Brasil, o conteúdo do Artigo 3º: “A diversidade cultural amplia as possibilidades de escolha que se oferecem a todos: é uma das fontes do desenvolvimento, entendido não somente como crescimento econômico, mas também como meio de acesso a uma existência intelectual, afetiva, moral e espiritual satisfatória”.

A diversidade de condições econômicas e sociais entre as várias regiões do Brasil, aliada ao peso de um passado histórico específico está na base da diversidade de suas manifestações culturais. A circunstância histórica que fez com que em determinada região tenha havido maior concentração de escravos, ou de imigrantes ou de populações indígenas só recentemente contatadas conforma a fisionomia cultural do lugar; bem como o isolamento em que se mantiveram localidades distantes do interior foi fundamental para a preservação de usos e falares antigos e já desaparecidos nas grandes cidades. Essas peculiaridades culturais locais conformam identidades culturais específicas. Elas podem se manifestar tanto nas variações de uso da língua portuguesa, quanto na de realizar determinados trabalhos, nos hábitos alimentares, na indumentária, na maneira de construir as habitações, nas tradições religiosas, nas festas e nas manifestações artísticas. Produzir o mapa cultural do Brasil é localizá-las e identificá-las, estabelecendo a cartografia cultural do país em sua diversidade. Ao mesmo tempo, este mapa deve identificar também uma espécie de bacia hidrográfica cultural que ligaria entre si os grupos que compartilham características culturais independente de sua localização física.

O Brasil garante em sua constituição de 1988 direitos diferenciados para as minorias indígenas. De maneira semelhante, algumas políticas públicas vêm sendo implementadas com o objetivo de dar maior projeção social e econômica às minorias étnicas e de cor. No nosso contexto, coloca-se para discussão:

1. como a implementação desses direitos diferenciados assim como dessas políticas públicas fundamentadas na discriminação positiva (ou ação afirmativa) são compatíveis com os princípios do universalismo e do individualismo jurídico que definem o sistema jurídico brasileiro;

2. qual a melhor maneira de implementar essas políticas sem que grupos sociais fiquem em desvantagem em relação a outros;

3. quais os impactos que essas políticas virão a ter para a sociedade (países que as adotaram podem servir de exemplo para o debate).

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Trabalho de Campo

O trabalho de campo deve ser planejado pelo professor em parceria com a turma, de forma que as crianças se sintam como pesquisadoras.
Neste sentido, algumas etapas de trabalho devem ser realizadas, como:

♦ A escolha
do assunto/tema que desejamos estudar.
♦ A articulação da temática escolhida com o eixo do trabalho pedagógico.

♦ O levantamento do que sabem sobre o assunto que destacado para a pesquisa.

♦ A elaboração de questões sobre as quais desejamos respostas.

♦ A listagem de possíveis fontes de consulta para a nossa pesquisa.

Como organizar essas atividades?
Na organização de uma atividade fora da escola as questões de infra-estrutura devem ser vistas e revistas para que se possam evitar imprevistos.
Nesse sentido, é interessante levantar tudo o que é necessário para organizar a saída.

♦ A direção da escola está ciente?
♦ Foi feito contato com antecedência com os responsáveis pelo local da visita?
♦ Houve confirmação através de ofício ou verbalmente? Com quem se falou?
♦ Os responsáveis autorizaram por escrito a participação das crianças?
♦ Será necessário transporte? Que tipo de transporte?
♦ Haverá custos? Quem vai assumi-los, os pais ou a escola?
♦ Como podemos tornar os custos mais baixos?
♦ Será necessário levar lanche? Vamos lanchar antes de sair da escola ou no local visitado? O lanche será coletivo?
♦ É necessário levar material para anotações, ou atrapalha mais do que ajuda? É necessário levar gravador?
♦ É preciso levar agasalho?
♦ Tem uma caixa de primeiros socorros para uma emergência?
♦ O tempo previsto é suficiente? Que horário a turma vai sair? Qual o horário previsto para o retorno?
♦ As crianças estão com um crachá contendo endereços e telefones para contato?
♦ Alguns responsáveis acompanharão a turma?
♦ A saída fica inviabilizada se chover?

O professor, ou outro profissional da escola, deve ir ao local para conhecê-lo e observar de perto as condições que ele oferece para receber os alunos. É seguro? Agradável? É instigante para o pensamento das crianças? Há guias ou outro tipo de assessoramento por parte da instituição que estará recebendo os alunos?

Essas questões de infra-estrutura podem ser partilhadas com os alunos durante a organização do evento, o que favorece uma série de articulações com diferentes conteúdos. Os alunos podem ler informações sobre o local, ler mapas para a escolha do melhor trajeto, calcular os custos da saída, escrever o texto da autorização para os pais assinarem, escrever com a professora o ofício solicitando a visita, listar o que deve ser levado e tomar decisões coletivas.

O que fazemos depois?

É sempre necessário realizar uma avaliação com os alunos. A atividade atendeu às nossas expectativas? Aprendemos coisas novas? Os combinados foram cumpridos? Respondemos a nossas dúvidas? O que descobrimos de novo? Que decisões vamos tomar a partir das novas descobertas?


Adaptado de http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2001/vis/vistxt5.htm 04/06/2007

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Mapas conceituais dos eixos temáticos

Este é um trecho da apresentação do "Sumaré na sala de aula", que será publicado junto com os atlas escolares. Foi reproduzido para que os professores tenham acesso aos objetivos que nortearam a organização dos atlas de Sumaré.

"Os dois atlas escolares apresentam recortes de Sumaré sob cruzamentos de tempos e espaços escolhidos com o fim de possibilitar que tanto crianças como adultos vejam por meio de distintas “janelas” imagens que lhes sejam significativas, que sejam evocativas de memórias e que abram diálogos com suas experiências cotidianas.
A definição desse tipo de aberturas (apoiada no entendimento de territorialidade vinculada ao cotidiano dos alunos) levou-nos a estabelecer a “área de influência” de cada uma das escolas, de maneira que os mapas foram divididos em pranchas do tamanho A4 que cobrem os bairros onde moram os alunos que freqüentam escolas municipais do ensino fundamental. A composição do “Meu Primeiro Atlas de Sumaré” segue os recortes espaciais resultantes dessa subdivisão da área urbana cruzado com os tempos de formação da cidade: a sede de Rebouças, o distrito de Nova Veneza e o bairro do Matão.
Os recortes apresentam o território em desenhos criados sob a visão de alunos que participaram das atividades de ensino durante a realização do projeto, de maneira que o “olhar” trazido por uma criança dialogue com outras que usarem o atlas. Ã critério dos professores que participaram do projeto outras “janelas” foram incluídas por meio de depoimentos de moradores, textos de alunos, fotografias ou referencia ao patrono da escola.
Assim que o primeiro módulo do projeto iniciou nos deparamos com a ausência de informações mais seguras sobre as referencias culturais dos alunos. Esse é um conhecimento fundamental para compreender o contexto local das escolas. Delineamos, então, uma pesquisa - diagnóstico a ser realizada durante o primeiro semestre de 2006 pelas professoras tutoras com o objetivo de levantar um perfil das referencias culturais dos alunos.
Em cada escola foram entrevistados 10% dos alunos, selecionados através de sorteio, com igual distribuição de sexo, idade - série, bairro de moradia. Os resultados desse diagnóstico constam da primeira seção deste livro, circunstanciados pelos tutores no contexto de sua escola.
A partir desses resultados e de estudos sobre Cultura e Currículo, estabelecemos os seguintes eixos problematizadores que nortearam os recortes temáticos dos atlas escolares.: cidade e natureza, estado e cidadania, identidade e pertencimento, trabalho e consumo. Esses eixos deram rumos para a articulação das atividades de ensino e definiram também a seqüência dos textos de fundamentação da terceira parte deste livro
Na verdade, esses eixos são desdobramentos de um principal - a identidade cultural sob efeito das descontinuidades sociais criadas pela globalização, gerando conflitos e violência ao mesmo tempo em que estabelece vínculos com valores ditados pelo mercado de consumo. "